Um reencontro com Tom Zé

Tom Zé apresenta seu espetáculo “Descobrindo o Brasil”, em Tiradentes

 

O Espaço Libertas é um centro comercial erguido à beira da av. , que liga a rodovia Miguel Batista, um trecho da BR 265, ao centro da mineira Tiradentes. O seu espaço é ocupado por cervejarias, restaurantes e lojas diversas que se aglomeram em torno do pátio principal, onde foi montado o palco pelo qual Tom Zé caminhou pela primeira vez, às 23h de sábado, para anunciar a atração da noite: ele mesmo.

Foto: Endiara Cruz

A primeira e última vez que o assisti in loco foi em agosto de 2014, em Nova Friburgo-RJ. Quatro anos depois, as curvas tortuosas da vida me levaram a um novo encontro com um artista que não apenas admiro, mas que idolatro. Surge uma oportunidade de reforçar duas certezas a seu respeito.

Primeiro, que Tom Zé permanece o mesmo, apesar dos reflexos do tempo no corpo de um homem que acumula 82 anos de vida. Sob o palco, o cantor age em constante desbunde, se contorce, saltita e se entrega de corpo e alma para a alegria dos fãs que se divertem com os chiste e cada ação inesperada. Segundo, que sua obra se renova e segue singular e valorosa para uma nova geração de ouvintes, nascidos e crescidos bem depois dos anos 1960. Prova disso é a diversidade etária do público, formado por adultos, tiozões e jovens que trazem na ponta da língua os versos e refrões mais ou menos conhecidos de suas canções.

Com cinco integrantes, a banda que o acompanha é formada por Daniel Maria (guitarrista), Cristina Carneiro (tecladista e produtor musical), Felipe Francisco Alves (baixista), Fábio Alves (baterista) e Jarbas Mariz, multi-instrumentista, parceiro fiel e dono da “voz que segura esse show”, como define o próprio Tom Zé. Juntos, os músicos dão forma e corpo às harmonias e melodias tão distintas, graças à união de elementos do samba, do rock e demais ritmos e gêneros da música folclórica ou erudita. Bem à moda tropicalista. Infelizmente, a qualidade do espetáculo foi prejudicada por problemas técnicos que afetaram diretamente a guitarra e o teclado.

Das onze canções apresentadas para cerca de 400 pessoas, seis fazem parte dos álbuns mais conhecidos do compositor nascido em Irará-BA. São elas, “Hein?” e “Tô” (Estudando o Samba, 1976), “Menina amanhã de manhã” e “Senhor cidadão” (Se o caso é chorar, 1972). Além de “2001” e da mineiríssima “Xiquexique”, bastante popular nas festas universitárias de São João del-Rei.

Nos últimos quatro anos, foram três os lançamentos assinados pelo artista. Em 2014, deu à luz o ótimo Vira lata na via láctea, de “Esquerda, grana e direita” e “Papa perdoa Tom Zé”, que teve participação da banda O Terno. Os seus sucessores foram Canções eróticas de ninar (2016) e Sem você não A (2017). Como vemos, Tom Zé continua ativo, ligado e produzindo bastante. E é um grande prazer estar na presença um gênio da nossa música. Meus olhos sorriem, e meus ouvidos agradecem.

 

Um comentário em “Um reencontro com Tom Zé

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  1. Texto inspirado pela declarações escancaradas do fã João Bessa.
    Tom Zé é assim. Os seus admiradores, seguidores e ” idólatras”, assemelham-se ao cantor. Assim, sem limitar o
    talento e em despejar elogios, reais e, por certo, verdadeiros.
    Belo texto, filho.

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